Segundo o administrador de empresas Fernando Trabach Filho, insistir em investimentos pesados na exploração de petróleo do pré-sal em pleno século XXI representa um risco estratégico para a economia brasileira e para os compromissos ambientais internacionais. Embora o pré-sal tenha sido responsável por uma revolução na produção nacional de petróleo, seu protagonismo em uma matriz fóssil contrasta com as exigências globais de descarbonização e aceleração da transição energética.
O avanço das energias renováveis, as metas de neutralidade de carbono e as pressões de investidores por critérios ESG (ambientais, sociais e de governança) indicam que o futuro da energia não será dominado pelos combustíveis fósseis. Continuar apostando em projetos de exploração de petróleo em águas profundas pode comprometer recursos públicos e privados, gerar dependência econômica em um setor em declínio e distanciar o Brasil de uma posição de liderança na economia verde.
Os limites do petróleo do pré-sal em um mundo em transição
Descoberto em 2006, o pré-sal transformou o Brasil em um dos maiores produtores mundiais de petróleo. Com reservas bilionárias localizadas a grandes profundidades no litoral brasileiro, a camada pré-sal tornou-se símbolo de potencial energético e soberania nacional. No entanto, como aponta Fernando Trabach Filho, esse modelo, baseado em exploração intensiva de combustíveis fósseis, precisa ser reavaliado diante do novo cenário climático e tecnológico.

O mundo está migrando rapidamente para fontes renováveis, como solar, eólica, hidrogênio verde e biocombustíveis avançados. Diversos países já anunciaram a proibição futura de veículos a combustão e o fim de subsídios para petróleo e gás. Nesse contexto, o petróleo do pré-sal, apesar de sua qualidade e abundância, pode se tornar um ativo ocioso ou desvalorizado nas próximas décadas.
Riscos econômicos e financeiros de manter a dependência fóssil
Investir bilhões de reais em infraestrutura, extração e transporte de petróleo representa um risco de retorno incerto a médio e longo prazo. Grandes fundos de investimento e bancos internacionais já restringem recursos para projetos de combustíveis fósseis, favorecendo iniciativas de energia limpa e de baixo carbono. Empresas que insistem em expandir sua atuação no petróleo enfrentam dificuldades de financiamento e exposição a passivos ambientais e reputacionais.
Fernando Trabach Filho destaca que, ao manter a centralidade da matriz fóssil, o Brasil compromete sua capacidade de diversificar a economia, estimular a inovação tecnológica e atrair investimentos sustentáveis. A falta de alinhamento com a agenda climática internacional pode gerar barreiras comerciais, sobretaxas ambientais e prejuízos à competitividade global.
Impactos ambientais e sociais da exploração do pré-sal
Além das incertezas econômicas, o pré-sal apresenta riscos ambientais significativos. A perfuração em águas ultraprofundas envolve desafios técnicos complexos e o risco permanente de acidentes, como vazamentos de óleo e contaminação marinha. Essas ocorrências podem afetar gravemente ecossistemas costeiros, a pesca artesanal e o turismo em regiões sensíveis.
A cadeia de produção do petróleo também contribui para a emissão de gases de efeito estufa, mesmo que a queima ocorra fora do Brasil. Conforme explica Fernando Trabach Filho, investir em combustíveis fósseis em pleno século XXI compromete a imagem internacional do país e contradiz os compromissos assumidos no Acordo de Paris, cuja meta é limitar o aquecimento global a 1,5°C.
Alternativas para uma transição energética segura e competitiva
Em vez de ampliar a dependência do petróleo, o Brasil tem condições de liderar a transição energética global por meio de sua diversidade de fontes renováveis. Com potencial solar e eólico excepcional, ampla produção de biomassa e liderança no etanol, o país pode reestruturar sua matriz energética com soluções limpas, descentralizadas e mais resilientes.
O investimento em infraestrutura de transmissão, armazenamento energético, pesquisa em hidrogênio verde e programas de incentivo à geração distribuída deve substituir gradualmente os aportes em combustíveis fósseis. Segundo Fernando Trabach Filho, essa transição precisa ser planejada com responsabilidade social, garantindo a reconversão profissional de trabalhadores do setor de petróleo e a proteção de comunidades dependentes da atividade extrativista.
Petróleo em queda, energia limpa em alta: um novo paradigma global
Diversos países já iniciaram um processo de abandono programado da exploração de petróleo e gás, como Dinamarca, França e Irlanda. Grandes petroleiras estão redesenhando seus modelos de negócios para focar em energia renovável e mobilidade elétrica. O preço do petróleo, antes visto como indicador de crescimento, agora é observado com cautela diante da crescente oferta de alternativas mais baratas e sustentáveis.
Fernando Trabach Filho conclui que insistir no petróleo do pré-sal é insistir em um modelo ultrapassado, economicamente arriscado e ambientalmente insustentável. O Brasil precisa olhar para frente, investir em inovação, educação e sustentabilidade, e assumir um papel de protagonismo na nova economia energética do século XXI.
Autor: Harris Stolkist