Segundo Robson Gimenes Pontes, CEO e fundador da Shield Bank, comparar criptomoedas com ativos tradicionais exige mais do que observar gráficos ou oscilações momentâneas. É preciso entender a natureza de cada um, sua regulação, liquidez, histórico e principalmente o perfil do investidor. A polarização que se criou entre esses dois mundos pode mascarar riscos relevantes ou até ignorar oportunidades.
Enquanto os ativos tradicionais, como ações, títulos públicos ou fundos de renda fixa, oferecem certa previsibilidade e têm décadas de consolidação, as criptomoedas ainda são vistas por muitos como promessas de lucro rápido. Porém, essa visão simplista não reflete a complexidade real dos dois ambientes. Riscos existem em ambos, mas de formas distintas e com impactos variados.
Criptomoedas são sempre mais arriscadas?
A volatilidade é uma marca registrada do mercado de criptoativos, o que pode assustar investidores iniciantes ou de perfil conservador. Em poucos dias, uma moeda digital pode valorizar ou desvalorizar dezenas de pontos percentuais. Isso acontece porque esse mercado ainda é influenciado por especulações, decisões políticas e pela ausência de regulação clara em muitos países.
Robson Gimenes frisa que a descentralização, embora seja uma das maiores vantagens das criptomoedas, também representa um risco quando o investidor não entende bem o que está comprando. Sem a proteção de instituições reguladoras e com pouca previsibilidade, o investimento em cripto exige estudo, cautela e disposição para absorver perdas. Não é um ambiente para decisões impulsivas.

Os ativos tradicionais são mais seguros?
Por serem respaldados por sistemas financeiros estabelecidos, os ativos tradicionais oferecem maior segurança jurídica e proteção regulatória. Um título do Tesouro Direto, por exemplo, conta com garantia estatal. Ações de empresas listadas na bolsa são fiscalizadas por órgãos como a CVM. Isso não elimina o risco, mas o torna mais conhecido e previsível, o que facilita a tomada de decisões.
Contudo, segurança não significa ausência de risco. Robson Gimenes Pontes explica que investimentos tradicionais também podem trazer perdas, especialmente quando o investidor não tem clareza sobre seu próprio perfil ou escolhe produtos incompatíveis com seu momento financeiro. Mesmo a renda fixa pode ser prejudicial se o prazo de resgate não for respeitado ou se houver mudanças bruscas na taxa de juros.
Como escolher entre um e outro?
A escolha entre criptomoedas e ativos tradicionais depende do objetivo, da tolerância ao risco e do conhecimento do investidor. Criptos podem ser interessantes para diversificação de carteira e exposição a tecnologias emergentes, desde que ocupem um espaço proporcional e consciente dentro da estratégia. Já os ativos tradicionais são indicados para construção de patrimônio, proteção contra inflação e planos de longo prazo.
Risco não é inimigo, é elemento de escolha
Investir é, por natureza, uma atividade de risco. A diferença está na forma como se encara e administra esse risco. Com planejamento, educação financeira e orientação adequada, é possível navegar com segurança tanto nas águas turbulentas das criptomoedas quanto nas correntes mais previsíveis dos ativos tradicionais. Segundo Robson Gimenes, o investidor do futuro não será aquele que evita riscos a todo custo, mas sim quem sabe dosá-los com inteligência.
Autor: Harris Stolkist