Abrir um negócio próprio é o sonho de muitos brasileiros, mas em Minas Gerais esse sonho pode demorar mais a se concretizar. O estado ocupa atualmente a quinta posição entre os mais lentos do país quando o assunto é o tempo necessário para formalizar uma empresa. Essa colocação levanta preocupações tanto para empreendedores quanto para gestores públicos, que veem na demora um entrave ao desenvolvimento econômico. A morosidade no processo está ligada a uma série de fatores estruturais e burocráticos que ainda precisam ser superados.
Os trâmites legais para o início das atividades empresariais em Minas ainda exigem que o empreendedor percorra diferentes etapas, que incluem registros em órgãos municipais, estaduais e federais. Esse processo, em muitos casos, não é totalmente digitalizado, o que gera filas, prazos longos e falta de integração entre os sistemas. A ausência de uma jornada fluida e unificada amplia o tempo de espera, prejudicando especialmente os pequenos negócios, que muitas vezes não têm estrutura para lidar com a burocracia de forma eficiente.
Outro ponto que contribui para a demora é a variação nos procedimentos de uma cidade para outra. Em Minas Gerais, cada município pode adotar práticas diferentes no processo de abertura de empresas, o que significa que um mesmo tipo de negócio pode levar dias a mais para ser formalizado dependendo da localidade. Essa falta de padronização dificulta o planejamento dos empreendedores e torna o ambiente de negócios menos atrativo para novos investimentos.
Apesar de avanços pontuais em determinados municípios mineiros, como a adoção de plataformas digitais para abertura simplificada de empresas, esses esforços ainda não são suficientes para posicionar o estado entre os mais ágeis do Brasil. A concorrência com outros estados que modernizaram seus sistemas e reduziram drasticamente o tempo de abertura mostra que Minas precisa acelerar sua transformação digital e investir mais em desburocratização.
A demora em iniciar legalmente um empreendimento tem impactos diretos na economia local. Além de reduzir a competitividade regional, ela desestimula o empreendedorismo e pode fazer com que muitos desistam antes mesmo de começar. Outro efeito negativo é o incentivo à informalidade, já que alguns optam por iniciar as atividades sem estarem totalmente regularizados, o que compromete a arrecadação e a segurança jurídica.
Especialistas apontam que a solução passa por uma combinação de medidas tecnológicas e políticas públicas integradas. Investir na capacitação de servidores, melhorar a comunicação entre os órgãos envolvidos no processo e ampliar a digitalização são caminhos viáveis para tornar Minas mais eficiente nesse aspecto. A adesão a projetos de simplificação nacional, como o Balcão Único, também pode representar um passo importante nessa direção.
Enquanto o estado mantém essa posição desfavorável no cenário nacional, perde oportunidades de atrair empreendedores e investidores. A imagem de um ambiente de negócios burocrático afasta não apenas novos negócios locais, mas também empresas de fora que consideram a expansão para outras regiões. Reverter essa percepção exige mudanças estruturais que vão além da vontade política, sendo necessário o envolvimento de diversos setores da sociedade.
O empreendedorismo é um motor essencial para o desenvolvimento de qualquer estado, e Minas Gerais precisa encarar a questão com mais urgência. Reduzir o tempo para abertura de empresas não é apenas uma questão de agilidade burocrática, mas sim de estimular a geração de empregos, fomentar a inovação e contribuir para o crescimento sustentável. Com planejamento e compromisso, é possível reverter o cenário e transformar o estado em um polo mais dinâmico para quem deseja empreender.
Autor : Harris Stolkist